É UM BAIRRO DE MUSEUS, UM ANTRO DE MONUMENTOS SECULARES OU SIMBÓLICOS, DE MARINAS, DO ENSINO DO ABC DA VELA E DO PERFEITO PASTEL DE NATA. O PORTO DE PARTIDA DAS DESCOBERTAS PORTUGUESAS É HOJE UM LUGAR DE CHEGADA. E O ÚLTIMO SOLUÇO DO TEJO.
Em 1940, em plena 2ª Guerra Mundial na qual Portugal, sob o jugo ditatorial de Salazar, praticou uma forma muito particular de neutralidade, era inaugurada em Belém a Exposição do Mundo Português celebrando o império colonial e o aniversário da nação. A começar pelo Jardim Colonial, a Belém moderna foi edificada à volta do que restou do evento, mantendo os traços de aldeia à beira-rio e vestindo-se de imponência e monumentalidade a partir de dois monumentos: a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos.
Com o passar dos anos e dos regimes políticos, o bairro foi-se enchendo de espaços de exposição, concentrando num pequeno pedaço de território atrações como o Museu de Marinha, o Planetário, o Museu de Arte Popular, o Museu de Etnografia, o Museu de Etnologia e Arqueologia, o mundialmente afamado Museu dos Coches, o Museu da Presidência da República, o Padrão dos Descobrimentos, o Museu do Combatente e, sobranceiro a todos por uma presença física digna de mausoléu de gente viva, o Centro Cultural de Belém que guarda a colecção Berardo de arte moderna e contemporânea. Em nenhum outro lugar do país se encontra uma tal quantidade e diversidade de oferta cultural num espaço tão fácil de percorrer a pé.
Se o caminho que ladeia o Tejo é uma tentação para quem corre, pedala ou pesca, com a sua parte colorida de bares e restaurantes, Belém tem na doçaria o mais apetitoso dos seus trunfos: o pastel de Belém foi inventado em 1837 e diz-se que a receita permanece secreta, um mistério de clã. A casa secular que a vende, adornada a azulejos de um azul de mar, pede paciência a quem espera por ser servido. Mas, certo e sabido, não se sai do bairro sem adoçar a boca de creme e canela.