Pizzeria ZeroZero, o verão italiano num jardim em Lisboa

O Verão chama ao ar livre e por isso atendemos à chamada da ZeroZero, no Príncipe Real, onde se prova há já alguns meses que a cozinha italiana pode encontrar sobre o sol e a luz de Lisboa a casa perfeita fora de casa. Os ecos da boa fama das suas pizzas já tinham chegado até nós, bem como a ideia de que esta casa, situada ao lado do Jardim Botânico, teria uma das esplanadas mais bonitas e agradáveis do momento em Lisboa. Queríamos confirmar tudo com os olhos e o paladar.

À primeira vista, ocupando uma loja que antes albergava uma pastelaria francesa, a ZeroZero partilha com outro espaço de Rui Sanches, a Sala de Corte, alguns dos apontamentos de decoração. Está imbuída do mesmo espírito acolhedor, que aqui se faz ainda mais descontraído. A entrada recebe-nos com um balcão imponente, por cima do qual estão pendurados diferentes copos, que irão ser o recetáculo de autênticos néctares que mais adiante descreveremos. Reparamos logo na mini-mercearia/charcutaria na entrada, que vende os ingredientes utilizados nos pratos do restaurante e outras iguarias italianas e na cor cinzenta das paredes, que mistura o rústico com o industrial. Reconhecemos ainda os tampos em mármore ou as loiças e talheres campestres. Na segunda sala, após um estreito corredor de mesas e cadeiras, encontramos o imponente forno. Impossível de ignorar, é um objeto admirável. Ao seu lado, do chão ao teto uma porção da parede está ocupada por pedaços da lenha de azinho que o vai alimentar. Dentro dele, podemos ver as pizzas a rodar ao calor, ganhando forma e cor.

Vale a pena salientar o processo de confeção das pizzas, pois é neste que está um dos aspetos distintivos da ZeroZero. O forno rotativo coze a pizza de forma mais uniforme e a lenha de azinho deixa-a mais aromática. Já a massa é preparada segundo um processo ancestral: uma mistura de farinha 00 (importada de Itália, com elevado teor de proteína, dá o nome ao restaurante) com outras farinhas de moagem lenta em pedra é pre-fermentada durante 14 horas à temperatura de 21º e maturada durante 48 horas à temperatura de 4º. Daqui resulta uma massa leve que dará pizzas finas e crocantes.

É da autêntica linha de montagem em cima do balcão e à volta do forno que saem as iguarias que enchem a casa. Enchem. A um almoço de semana, chegámos às 13h, encontrando ainda algumas mesas livres. Passados uns minutos, as mesas já estavam quase todas ocupadas num ambiente agitado. No meio da esplanada, que se faz em dois pisos semicirculares, separando-os um canteiro frondoso, o ambiente é de campo. Esquecemo-nos que estamos no centro da cidade. Ao nosso redor, apenas vemos árvores, altíssimas, das quais reconhecemos algumas como pertencendo ao vizinho jardim botânico. O convívio vai animado, é Verão e nota-se.

– Escolhemos aquela mesa à sombra?
– Sim, e pedimos já um Cocktail Prosecco, para refrescar. Que tal o Corleone, com tequila, puré de pera e canela?
– Prefiro o Rossini, com puré de morango. Por favor…

Chegados à mesa os cocktails de assinatura, feitos com o exclusivo vinho italiano, percebemos a pertinência da primeira Proseccheria da cidade. Suaves, doces e viciantes, estes cocktails são muito provavelmente uma das causas da constante fila à porta à hora do jantar. Mas haveríamos ainda de descobrir outras, no decorrer da refeição.

– Carpaccio, calamari…panzanella? Vamos experimentar? A panzanella é uma esmagada de pão na panela com tomate, azeite, pepino, pimento e queijo de cabra. Partilhamos?

Partilhámos. Mas podíamos ter partilhado com mais alguns. O sabor é intenso, a lembrar uma açorda em cru, mas com o travo do tomate, do pimento e do queijo a conferir intensidade e a exigir alguma contenção.

– E agora? Pizza ou Pasta?
– Estamos numa pizzeria. Tem de ser pizza. Temos 28 à escolha! Não resisto à Fichi e Prosciutto crudo di Parma.
– Nem eu. Este ano tem sido tão difícil comer bons figos. Vou pedir a 5 Formaggi para dividirmos. Que tal?

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Não sabemos se a seleção foi a mais acertada. Faltaria, para isso, experimentar as restantes 26 receitas. Mas gostámos da combinação de sabores. O presunto de Parma não é demasiado salgado, no entanto contrasta, em textura e sabor, com os tão desejados figos da estação. Sabores campestres e leves, mas compostos, que combinam com a paisagem. Na outra metade do prato, os cinco queijos (mozzarella fiordilatte, gorgonzola, fontina, asiago, parmigiano reggiano 16 meses) reuniam-se numa explosão de bom gosto, sem brigas ou protagonismos exagerados. A leveza da massa permitiu-nos avançar para o capítulo das sobremesas sem grandes constrangimentos. Pedimos a Mousse de Gianduja (uma mistura de chocolate e avelã) e o Tiramisu da praxe.

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– O Tiramisu é sempre um bom teste. E este passa com distinção. Adoro a adição deste crumble salgado.
– Na Gianduja esse crumble salgado também faz toda a diferença, torna a sobremesa menos enjoativa. No entanto, acho que prefiro esta mistura de chocolate e avelã a temperaturas mais baixas e de consistência mais… gelada.

Terminada a refeição, permanece a vontade de continuar à mesa num “dolce far niente” com o qual tão facilmente nos identificamos. O serviço atencioso não interrompe ou apressa este nosso desejo de ficar, apenas o dever nos obriga a fazer as despedidas. Com um preço médio de refeição por pessoa a rondar os 25€ fica pelo menos a certeza de que vamos voltar mais vezes a este verão italiano.

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