Em passeio pela paz dos bairros operários da Graça

O bairro da Graça anda nos píncaros e não apenas pela situação geográfica, autêntica varanda sobre Lisboa, sobranceira ao Castelo de S. Jorge, pitoresca q.b. e recheada de bons restaurantes e bares. Consegue, apesar da euforia de tuk-tuks (símbolo maior da benéfica mas atordoante invasão turística) manter a sua pacatez própria. Não a vai encontrar na praça ou em alguma rua íngreme, e muito menos nos miradouros. A paz da Graça está nas suas vilas operárias. Na Vila Berta, Vila Souza e Estrela d’Ouro.

Diz que a saga começou há pouco mais de um século, quando ao ritmo do caminho-de-ferro as gentes das aldeias se implantaram nas cidades a fugir de outras pobrezas e a aceitar fazer a parte da mão-de-obra barata das indústrias florescentes. Comboios e movimentação de produtos num só lugar? Em Lisboa a solução foi edificada em zonas como o Beato ou Alcântara. Mas onde dormiam os saudosos aldeões agora ‘presos’ ao futuro da cidade? Eram as próprias indústrias quem tratava de criar bairros operários, espécie de ilha de má qualidade. Havia exceções, portentos de beleza pura em formato de rua, pátio ou bairro dentro de um bairro. E, dá-se o caso, ficam todas na Graça.

VILA SOUZA

A Vila Souza (1890) erguida nas ruínas de um palácio e com a graça de juntar no mesmo espaço o proprietário e os trabalhadores, tem pátio amplo e algo despido mas ainda vale pela sumptuosa escadaria interior (passado o portal, à esquerda), que é dos melhores ‘passeios’ da cidade…

ESTRELA D’OURO

O bairro Estrela d’Ouro (1908), ‘escondido’ entre a capela da Senhora do Monte e a Rua da Graça, é ideia e obra de um galego de nome Agapito que enriquecera no negócio pasteleiro. A sua casa ficava no centro do bairro e estrelas de cinco pontas eram imagem de marca. Ainda lá está, brilhante como antes.

VILA BERTA

A Vila Berta (1908) foi ‘plantada’ como uma faixa paralela ao Largo da Graça por um tal de Joaquim Tojal, que tinha uma filha chamada Berta… Ainda lá vivem familiares. Não é exagero chamar-lhe a mais bela rua da cidade de Lisboa. Hoje em dia, com santos populares ou sem eles, é lugar de animação bem ritmada, coisa a que nem todos os inquilinos acham graça. As casas conseguiam ter uma mão-cheia de assoalhadas e ser ao mesmo tempo ridiculamente pequenas. Do velho portão que de noite fechava a Berta resta uma grilheta. Mas tintada a verde e amarelo, cal e metal, florida como nenhuma outra, a Vila Berta ainda é a mais terapêutica das passeatas lisboetas.

ROTEIRO DA GRAÇA

Num passeio por este que é um dos mais tradicionais bairros de Lisboa, não passe ao lado dos monumentos, miradouros, restaurantes, bares e até hotéis que justificam uma visita.

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