Um desfile de novos sabores no Avenida SushiCafé

Durante cerca de hora e meia passaram pela nossa mesa as novas apostas de Daniel Rente e Carlos Mateus. Aplaudimos cada criação com o entusiasmo de quem se despede de uma celebridade.

Quando à chegada nos conduziram para “a primeira fila da red carpet” (uma mesa em frente à cozinha) ainda não adivinhávamos a qualidade do espetáculo a que iríamos assistir. E não terá sido por falta de aviso, já que sabíamos ao que íamos – a apresentação da nova carta do já  rodado restaurante de gastronomia japonesa. Mas há uma grande diferença entre ler as palavras “colorida, aromática, cítrica ou saborosa” associadas à nova ementa e efetivamente deixar as papilas gustativas, o nariz, os olhos e, claro, o cérebro, falarem por si. Infelizmente, não há como reproduzir a experiência sem a reduzir de novo a palavras, pelo que tentaremos abusar do pragmatismo nas linhas que se seguem. Melhor do que isto seria passar já os contactos do restaurante e aconselhar a reserva para experimentar por si próprio, mas ainda assim tentaremos primeiro apresentar alguns argumentos.

A bebida: a primeira criação a chegar à mesa foi uma sangria de saké, uma feliz mistura de licor de ameixa, triple sec, limão, morango e, claro, saké, este atenuado pelos sabores mais doces, no ponto perfeito entre um sumo de fruta e uma bebida alcoólica. Acompanhou e muito bem toda a refeição.

Os tártaros: o Mille-feuilles tuna tartar (10,5€) foi apresentado por Skicor Sacramento, o Chefe de Sala, como um “encontro de três países” – Japão, Itália e Coreia – onde o atum cru, tratado como um tártaro, é ensanduichado numa crocante pergamena de origem italiana, e temperado com o molho coreano kimchi. Uma originalidade muito agradável. Logo de seguida outra iguaria ainda mais gulosa, e que integra as novidades da ementa – o Fish Wakame (10,3€). Esta salada de peixes marinados em óleo de trufa, com sementes de papoila, leva um ovo de codorniz cru que, quando misturado com o peixe, oferece-lhe uma suavidade que colocou este prato no topo das nossas preferências.

O Fish Wakame, o nosso eleito

Por fim, um tártaro de carne, para desarrumar todas as ideias preconcebidas que poderíamos ter sobre um sushi café. O Gyu Truffle (10€) é um tártaro de novilho com óleo de trufa, o molho karashi sumiso e raiz de lótus crocante. Mais uma vez foi-nos recomendado que partíssemos a raiz de lótus e a misturássemos no tártaro para melhor usufruirmos da mistura do crocante com a carne macia. Uma ótima ideia.

O Gyu Truffe, ainda por misturar

Os sushi e sashimi: para não contrariar todas as expetativas chegou também à mesa, servido sobre gelo, um combinado de sashimi de peixes variados e “outros” da nossa costa (16€). Entre os outros contava-se o delicado camarão de água doce e uma ostra fresquíssima que oferece aquela sensação de quase amona, tal é a golfada de água do mar que nos invade. Apresentaram-se de seguida duas duplas – a Tuna Foie (10€) e a Devil (8€) – que realizaram igualmente um bom número: a primeira, de atum, fazia-se acompanhar de foie gras (ora aí está uma fusão que vale realmente a pena!) e cebola roxa caramelizada; a segunda, de salmão, tinha o atrevimento do queijo parmesão e da malagueta vermelha.

A atrevida dupla Devil

A tempura: como se ainda fosse pouco, não faltou a tempura de cogumelos shimeji a fazer de cama ao tataki de vazia de wagyu com trufa. Carne no ponto de cozedura perfeito, pintalgada de sal, a envolver-se tão bem no estaladiço da tempura!

A sobremesa: depois de termos jurado que já não tínhamos espaço para mais do que uma simples sobremesa, apresentaram-nos um enigmático ninho que, depois de partido, continha entre outros, pera bêbada, gelado, Nestum (esse mesmo!) e Peta Zetas! A graça leva a assinatura de Carlos Mateus, que veio à mesa explicar tanta ousadia. “É uma fusão das minhas memórias de infância.” A postura condiz com aquela que o terá guiado na criação, juntamente com Daniel Rente, o Chefe Executivo, dos 13 novos pratos da ementa, e que se resumiu à questão: “o que é que eu comeria quando tenho mesmo fome?”. O objetivo do Chef foi, claro, mais do que superado. Não só nos saciou o apetite, como o desejo de uma experiência memorável.

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