SEM SÍTIO ONDE MORAR, SINTRA É O LUGAR ONDE O ROMANTISMO DEIXOU DE ANDAR À PROCURA DE CASA. ENCIMADO POR UM CASTELO OU ADORNADO DE PALÁCIOS, NEM A PAISAGEM PARECE DEIXÁ-LA SATISFEITA: AINDA SE LANÇA AO ATLÂNTICO ENTRE PRAIAS FÉRTEIS DE VISTAS E O CABO DA ROCA.
Quem vai a Sintra de lá já não quer sair. Podem ir em busca de queijadas, subir ao Castelo dos Mouros ou perder-se no imaginário algo delirante do Palácio da Pena, que chegados cá abaixo desatam a procurar casa onde morar. É um lugar que parece ter nascido para fazer roer de inveja quem ainda lá não vive, em especial no outono e no inverno, quando a serra e o centro da vila se envolvem em bruma a adensar o mistério, a começar pelo da história que o circunda e fez de Sintra, desde o século XIV, uma personagem quantas vezes primordial da saga lusitana.
E rodeia-se de nomes mágicos: Regaleira, Seteais, Monserrate, lugares de jardins e palácios, casas senhoriais e parques, tudo emoldurado de estradas íngremes, curvas danadas, símbolos e mitos que se perdem no tempo mas que sem barreiras se dão de bandeja ao olhar curioso e fascinado dos visitantes. E do velho Palácio da Vila ao novíssimo News Museum (Museu da Imprensa), Sintra insiste em ser terra de chamarizes, como se a cada esquina nos chamasse pelo nome.
Terra dentro, o Palácio Nacional de Queluz brilha como devaneio de reis e jardins, mas quem vem de Cascais seguindo a costa descobre os prazeres das praias (Grande e das Maçãs) ou essa bizarria de ilha grega em terra, as Azenhas do Mar, onde as casas sobem a encosta em magotes com medo de molhar a soleira. No fim do percurso, o Cabo da Roca marca o momento em que a terra acaba e o mar começa, como escreveu Camões. É a partir dali que Portugal se faz de água até chegar às ilhas de Madeira e Açores, como se fossem nossas todas as promessas do oceano.